Protechting, um programa de aceleração ao serviço de um grupo
O mundo InsurTech é composto por startups que procuram desenvolver produtos e soluções que melhorem a nossa relação com os seguros, proporcionando uma melhor experiência e adequação face ao risco. Estas jovens empresas podem, no seu percurso, beneficiar de iniciativas diversas. O programa de aceleração é uma delas.
Para perceber o que leva um conglomerado a patrocinar um programa de aceleração, bem como a participação das startups, Vincent Van de Winckel (VVDW), Correspondente do The Digital Insurer em Portugal, encontrou-se com José Villa de Freitas (JVF), Marketing Manager na Fidelidade, responsável pela operação do Protechting.
V: Está a preparar-se a quarta edição do Protechting. Quer explicar o que é o Protechting? Qual é a sua origem e como tem evoluído?
JVF: O Protechting nasceu como um projeto de colaboração e apoio ao empreendedorismo em Portugal, às startups, pelo Fosun e pela Fidelidade. O primeiro ano foi um ano de análise, de estudo, para marcar uma posição no terreno. Agora andamos claramente à procura de start-ups e parceiros que possam desenvolver pilotos com as empresas do grupo de Fosun em 3 áreas: Insurtech, Fintech e Healthtech. A Fidelidade é o main sponsor no que diz respeito a tudo o que é ligado ao Insurtech. A Luz Saúde, pertencente ao grupo Fidelidade, é chamada a main sponsor de tudo o que é o Healthtech, e, em colaboração com o banco alemão Hauck & Aufhauser, que faz parte do grupo Fosun, chegámos também ao Fintech. Portanto o Protechting nasce precisamente disto: da necessidade de a Fosun ter uma presença nesses campos, nos países europeus onde se encontra.
Do que estamos à procura? Começámos por procurar Startups que pudessem trabalhar connosco ou trabalhar para o mercado. Agora estamos claramente à procura de Startups mais maduras com as quais possamos desenvolver projetos pilotos. A prova disso é que atualmente, nós, Fidelidade, estamos em piloto com 2 Startups: uma na área dos chatbots ligada à AI, a Visor.ai, que nasceu com o Protechting; a outra, Bdeo, uma Startup espanhola vencedora da última edição, sobretudo ligada à parte de vídeo e utilização do vídeo e chamada de vídeo para efeito de seguro.
A Luz Saúde por seu lado investiu e estabeleceu parcerias com várias startups derivadas do Protechting. A UpHill que apareceu com um projeto de formação de médicos e divulgação de boas práticas. Uma Startup que vem da primeira edição do Protechting, a Ectosense, que tem a ver com devices para combater a apneia do sono. E ainda a Skin Sole, que desenvolveu um sistema de detecção precoce do cancro da pele e o seu tratamento. Isto para dizer que já nestas áreas estamos a trabalhar em pilotos. Pois, o Protechting tem este objetivo de marcar presença e atrair empresas que tenham a ver connosco ou que estejam na margem do nosso campo de ação.
Uma colaboração com as Startups sob forma de piloto é muito interessante porque muitas vezes as startups andam a procura de clientes ou dados para testar as suas soluções. E nós, por outro lado, estamos à procura de tecnologia e soluções inovadoras. É assim uma win-win solution.
Dito de outra forma, divulgamos um range de áreas onde andamos à procura: AI, machine learning, advanced analytics, melhoria do processo de claims, … – e a partir daí vamos vendo o que há, o que nos aparece como Startups para colaborar connosco numa perspetiva de piloto, com a Fidelidade, a Luz Saúde, a Hauck & Aufhauser ou para a Fosun investir.
O parceiro que nos ajuda a montar o Protechting é o Beta-i. Procede a um scouting das empresas que estão no mercado. Depois, o programa começa por um bootcamp que nos dá uma primeira visão dos projectos, do que são de facto os projetos que estamos a avaliar. O sponsor de cada uma dessas startups será depois a empresa do grupo Fosun mais próxima. O grande mérito deste programa é responder a coisas das quais sabemos que precisamos, mas também encontrar algumas que ainda não sabemos que existem e que nos podem ser úteis.
(VVdW): O quê é que as start-ups valorizam mais no Protechting?
JVF: São 3 coisas dependendo do estado onde se encontram. O acesso a dados reais de clientes, mantendo a privacidade dos dados. Números reais, casos práticos e o acesso ao mercado chinês e à Fosun. O prémio monetário é uma ajuda, mas é isso que faz as start-ups concorrer. E o próprio processo de mentoria e aprendizagem com profissionais da Fidelidade, Luz Saúde e Hauck & Aufhauser.
(VVdW): O programa ganhou uma série de prémios internacionais, o último dos quais o prémio “Sustainable Development 2018 Enterprise Best Practice” do Chinese Network of the United Nations Global Compact (UNGC). Quer explicar a que corresponde esta distinção e o impacto que esses prémios têm tido?
JVF: Esses são prémios que têm muito a ver com a ligação à China e com o ecossistema empreendedor da China. São prémios que valorizam a divulgação do potencial das boas práticas e da ligação ao empreendedorismo por empresas que não são chinesas, mas que desenvolvem relações com o país. Quase todos os prémios têm essa vertente da boa colaboração e prática que temos com a Fosun. O mérito vem sobretudo da transparência, boas práticas, envolvimento, e divulgação daquilo que são boas práticas de empresas chinesas fora da China.
Num mundo onde há muitos programas a decorrer, temos alguma consistência pela antiguidade do programa, e estes prémios ajudam-nos a conseguir ir buscar startups mais maduras.
(VVdW): O Protechting está cá para ficar?
JVF: Achamos que sim. Estamos a aprender e tirar cada vez mais partido do programa. A prova disto, e apesar de termos tido cada vez mais candidaturas, é que este ano damos mais atenção ainda ao tipo de Startup com o qual trabalhamos, para que seja mais fácil no final ter um delivrable. Portanto sim.
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