Ageas INsure – Open Innovation. Uma conversa sobre inovação com o Nuno Horta
Vincent Van de Winckel (VVDW): O Grupo Ageas está presente em 14 países, 5 na Europa e 9 na Ásia. Em Portugal está no top 3 dos grupos seguradores. Lançou recentemente o Ageas INsure – Open Innovation, para o qual aceita candidaturas. Quer explicar o lugar que ocupa a inovação no grupo?
Nuno Horta, Head of Innovation, Grupo Ageas Portugal (NH): O Grupo Ageas Portugal sempre apostou na inovação, mesmo antes de haver uma equipa inteiramente dedicada a esse tema. Por exemplo: a formação da Médis, o primeiro seguro de managed care em Portugal, algo que já vinha do tempo da Ocidental.
A criação de uma equipa de inovação só veio apenas reforçar esse facto. Até na própria companhia há várias equipas que, no seu dia a dia, integram a inovação dentro do seu scope, como é o caso de: a Médis Next level, uma equipa focada em trazer inovação à Médis como um todo; o Marketing da Ageas Seguros, as unidades de marketing estratégico e as próprias operações. Aliás, foi o plano de transformação digital da Ageas que permitiu que, no dia 12 de março, quase todos os colaboradores começassem a trabalhar a partir de suas casas sem comprometer o nível de trabalho, e mantendo o business as usual e inclusivamente lançar várias iniciativas “on target” como por exemplo o INsure.
VVDW: A equipa da Inovação existe há quanto tempo?
NH: A equipa foi formada em 2016 e desde então tem crescido e foi aumentando de âmbito. Agora estamos num estado de maturação que nos permite lançar programas como o Ageas INsure. Temos outros como: o Ageas INside, um programa interno, o INcampus com a Universidade Nova e outras iniciativas que estamos a preparar. O estado de maturidade que atingimos permite-nos olhar de outra forma para o mercado envolvente, para o ecossistema português e europeu.
VVDW: O tema da inovação é um tema sem fim que precisa ser alimentado. Como é feito na Ageas e como se mantém esse lado inovador?
NH: A acima de tudo, tem de ter um processo. O nosso trabalho não pode partir do pressuposto que estão quatro cinco ou seis pessoas numa equipa de inovação a ter ideias. Há vários processos postos em curso para que isso seja um ciclo repetitivo e constante.
Os processos estão assentes em metodologias. Ou seja, trazer a parte criativa que as pessoas da inovação e das unidades de negócio, e juntá-las com o rigor que temos por estarmos numa empresa de banca e seguros, juntando o melhor dos dois mundos. Estamos organizados e focados em projectos concretos.
VVDW: E como é que essa inovação é fomentada?
NH: Como temos uma Comissão Executiva e um top management muito virado para a inovação, muitas vezes desafiam-nos com situações concretas. Convocam-nos e dizem, por exemplo: “eu gostava de ter X na companhia ou eu quero uma coisa Y” e nós temos que ir à procura, fazer o sourcing, fazer pesquisa e fazer propostas, sempre em conjunto com as restantes área da companhia, visto que a equipa de inovação, deve agir como um facilitador. Trabalhamos em equipa. Ou seja, nunca fazemos nada sozinhos. Trazemos sempre o negócio e aproveitamos os recursos e o know-how interno.
VVDW: A inovação é business driven ou vocês também podem ter a iniciativa?
NH: Uma parte é business driven e vem top down, a outra parte somos nós que propomos. Daí termos estes programas específicos para propor estas inovações mais disruptivas ou mais experimentais. Temos estes programas como o INsure, como o INside, como um programa que temos desenvolvido com a Universidade Nova de Lisboa que já vai na sua terceira edição que é o INcampus; um hackaton cujas ideias vencedoras são depois implementadas em startups. Assim temos também um leque de programas mais experimentais, mais desafiadores que aí vêm gerados de ideias e iniciativas da equipa de inovação.
VVDW: Quais foram as inovações que tiveram maior impacto?
NH: Fizemos agora um sistema inteligência artificial de triagem na Médis; temos ainda um avaliador de sintomas da COVID-19; e o INsure.
A nível interno existe também o INside, que é similar, mas para Colaboradores, em que vamos dar hipótese de lançarem a sua própria startup, a sua unidade de negócio, ou até criarem ideias para o negócio.
VVDW: A Ásia está, em muitos domínios, mais digitalizada do que o velho continente. Verificam-se no grupo transferências de ideias, de know-how ou de tecnologia da Ásia para a Europa?
NH: Não, temos, especialmente com a nossa OPCO da Tailândia, uma relação muito próxima que nos permite um intercâmbio de ideias. Podemos assim pegar em ideias em curso nessa geografia e tentar implementá-las em Portugal com o nosso twist. Cada mercado tem as suas idiossincrasias e eu acho que nós não podemos copiar produtos. Tem sempre de haver uma adaptação à cultura local. Temos assim um projeto em curso focado em wellness e um programa que vêm desse intercambio, e que deverá ser lançado nos próximos meses em Portugal.
VVDW: Voltando ao Ageas INsure. O quê é?
NH: O Ageas INsure é um programa de aceleração com o objetivo de encontrar as melhores startups, de forma a trazerem suas ideias e produtos, para que possam ser integradas na cadeia de valor do Grupo Ageas Portugal. Também queremos através deste programa criar um momento próprio, onde estejam disponíveis as pessoas, os recursos e o tempo necessário para se dedicar a estas empresas, desta forma as startups podem aproveitar os inputs do nosso top management e dos nossos mentores, de forma a desenvolverem os pilotos na companhia, para depois serem escaladas dentro da cadeia de valor Ageas. Trata-se de dar, de forma organizada, a devida atenção e o foco necessário para as startups e a Ageas aproveitarem da melhor forma essa oportunidade de inovação.
VVDW: Como foi montado o programa e qual a mecânica?
NH: Nós criamos este programa do zero e em parceria com a H-Farm, que nos ajudou a desenhar um programa personalizado para nós, de forma a ter o máximo de outputs. Não queremos ficar só com umas startups que montam pilotos e que não materializam os seus projetos. Após o piloto vai haver no ano seguinte uma jornada de integração dentro do Grupo Ageas Portugal, e estamos focados na industrialização dos pilotos.
VVDW: O que motivou que o Ageas INsure tivesse lugar aqui em Portugal?
NH: Fomos nós que tivemos essa ambição, é uma iniciativa totalmente do Grupo Ageas Portugal.
VVDW: É destinado e virado principalmente para o negócio de Portugal?
NH: Obviamente que, como fazemos parte de um grupo económico, o objetivo também será sempre partilhar os outputs com os nossos colegas de outras geografias. Será bom para as startups e será bom para o grupo. Faz parte do no nosso scope uma partilha de pontos com o grupo e saber se eles têm algum interesse em, depois, também receber estas startups.
Foi focado nas necessidades de Portugal. Foram feitos vários workshops estratégicos para definição de oportunidade e para garantir que não há repetição de conceitos e que o negócio quer receber as startups. Só vem reforçar que a inovação na Ageas trabalha para o negócio e é um facilitador.
VVDW: Quais são as expectativas?
NH: Temos a expectativa de trazer 5 a 10 pilotos e de incorporar no negócio o máximo de startups possíveis, com interesse para nós.
VVDW: Isto é a primeira edição. Será para repetir?
NH: Sim. Temos sinalizado que será um programa recorrente. No ano 0 corre-se o programa. No ano 1 implementam-se na cadeia de valor os outputs do programa e depois, no ano 2, repete-se o programa. No ano 3 implementam-se os outputs e sempre assim recorrentemente.
VVDW: Quais os chamarizes para as startups se candidatarem ao vosso programa?
NH: Uma empresa de renome como é o Grupo Ageas Portugal, já por si será um atrativo, o facto de sermos uma empresa multinacional presente em 14 países pode trazer escala também. Ou seja, uma empresa que está nos top 3 nacionais e que está comprometida com a inovação é uma empresa com a qual a maioria das startups pode querer trabalhar. Fazermos parte de um grupo económico e possivelmente podermos facilitar a escala para outras geografias também é um atrativo bastante bom para estas startups.
Saiba mais sobre o Ageas INsure – Open Innovation